Dicas de Redação
“DO TEXTO E DO LEITOR
1 – Seja claro, preciso, direto,
objetivo e conciso. Use frases curtas e evite intercalações excessivas ou ordens
inversas desnecessárias. Não é justo exigir que o leitor faça complicados
exercícios mentais para compreender o texto.
2 – Construa períodos com no
máximo duas ou três linhas. Os parágrafos, para facilitar a leitura, deverão ter
cinco linhas, em média, e no máximo oito.
3 – A simplicidade é condição
essencial de um texto. Lembre-se de que você escreve para todos os tipos de
leitor e todos, sem exceção, têm o direito de entender qualquer texto, seja ele
político, econômico,internacional, urbanístico ou, até mesmo, sua redação do
Enem.
4 – Adote como norma a ordem
direta, por ser aquela que conduz mais facilmente o leitor à essência das informações.
Dispense os detalhes irrelevantes e vá diretamente ao que interessa, sem
rodeios.
5 – A simplicidade do texto não
implica necessariamente repetição de formas e frases desgastadas, uso exagerado
de voz passiva (será iniciado, será realizado), pobreza vocabular etc. Com
palavras conhecidas de todos, é possível escrever de maneira original e
criativa e produzir frases elegantes, variadas, fluentes e bem alinhavadas.
Nunca é demais insistir: fuja, isto sim, dos rebuscamentos, dos pedantismos
vocabulares, dos termos técnicos evitáveis e da erudição.
6 – Não comece períodos ou
parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem use repetidamente a mesma estrutura
de frase.
7 – Evite tanto a retórica e o
hermetismo como a gíria, o jargão e o coloquialismo.
8 – Tenha sempre presente: o
espaço hoje é precioso; o tempo do leitor, também. Expresse seus argumentos no
menor número possível de palavras.
9 – Em qualquer ocasião, prefira
a palavra mais simples: votar é sempre melhor que sufragar; pretender é sempre
melhor que objetivar, intentar ou tencionar; voltar é sempre melhor que
regressar ou retornar; tribunal é sempre melhor que corte; passageiro é sempre
melhor que usuário; eleição é sempre melhor que pleito; entrar é sempre melhor
que ingressar.
10 – Procure banir do texto os
modismos e os lugares-comuns. Você sempre pode encontrar uma forma elegante e
criativa de dizer a mesma coisa sem incorrer nas fórmulas desgastadas pelo uso
excessivo. Veja algumas: a nível de, deixar a desejar, chegar a um denominador
comum, transparência, instigante, pano de fundo, estourar como uma bomba,
encerrar com chave de ouro, segredo guardado a sete chaves, dar o último adeus.
Acrescente as que puder a esta lista.
11 – Proceda da mesma forma com
as palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que tentam transmitir ao leitor
mera ideia de erudição. O texto dissertativo-argumentativo não tem lugar para
termos como tecnologizado, agudização, consubstanciação, execucional,
operacionalização, mentalização, transfusional, paragonado, rentabilizar,
paradigmático, programático, emblematizar, congressual, instrucional,
embasamento, ressociabilização, dialogal, transacionar, parabenizar e outros do
gênero.
12 – Não perca de vista o
universo vocabular do leitor. Adote esta regra prática: nunca escreva o que
você não diria. Assim, alguém rejeita (e não declina de) um convite, protela ou
adia (e não procrastina) uma decisão, aproveita (e não usufrui) uma situação.
Da mesma forma, prefira demora ou adiamento a delonga.
13 – Dificilmente os textos
justificam a inclusão de palavras ou expressões de valor absoluto ou muito enfático,
como certos adjetivos (magnífico, maravilhoso, sensacional, espetacular,
admirável, esplêndido, genial), os superlativos (engraçadíssimo,
deliciosíssimo, competentíssimo, celebérrimo) e verbos fortes como infernizar,
enfurecer, maravilhar, assombrar, deslumbrar, dentre outros.
14 – Termos coloquiais ou de
gíria deverão ser usados com extrema parcimônia e apenas em casos muito especiais,
para não darem ao leitor a ideia de vulgaridade e principalmente para que não
se tornem novos lugares-comuns. Como, por exemplo: a mil, barato, galera,
detonar, deitar e rolar, flagrar, com a corda (ou a bola) toda, legal, grana,
bacana etc.
15 – Seja rigoroso na escolha das
palavras do texto. Desconfie dos sinônimos perfeitos ou de termos que sirvam
para todas as ocasiões. Em geral, há uma palavra para definir uma situação.
16 – Você pode ter familiaridade
com determinados termos ou situações, mas o leitor, não. Por isso, seja explícito
nas informações e não deixe nada subentendido.
17 – Nas redações
dissertativo-argumentativas, o primeiro parágrafo deve fornecer resposta a
pergunta básica: sobre o que é? Essa resposta será a tese.
18 – Não inicie a redação com
declaração entre aspas e só o faça se esta tiver importância muito grande(o que
é a exceção e não a norma).
19 – Procure dispor os argumentos
em ordem decrescente de importância (princípio da pirâmide invertida), para
que, no caso de qualquer necessidade de corte no texto, os últimos possam ser
suprimidos, de preferência.
20 – Encadeie o texto de maneira
suave e harmoniosa, para que os parágrafos dialoguem entre si. Nada pior do que
um texto em que os parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos
estanques, sem nenhuma fluência: ele não apenas se torna difícil de acompanhar,
como faz a atenção do leitor se dispersar no meio do texto. Isso dá ao leitor a
sensação de que o assunto agora é outro e não parte de um todo.
21 – Por encadeamento de
parágrafos não se entenda o cômodo uso de vícios linguísticos, como por outro
lado, enquanto isso, ao mesmo tempo, não obstante e outros do gênero. Busque
formas menos batidas ou simplesmente as dispense: se a sequência do texto
estiver correta, esses recursos se tornarão absolutamente desnecessários.
22 – A falta de tempo do leitor
exige que os textos sejam cada vez mais curtos (20 ou 30 linhas). Quando houver
tempo, reescreva o texto: é o mais recomendável. Quando não, vá cortando as
frases dispensáveis.
23 – Proceda como se o seu texto
fosse o definitivo. Assim, depois de pronto, reveja e confira todo o texto, com
cuidado. Afinal, é o seu texto e ele será avaliado.
24 – O recurso à primeira pessoa
só se justifica, em geral, em textos narrativos e relatos.
25 – Não use argumentos não
confirmados nem inclua neles informações sobre as quais você tenha dúvidas.
Você poderá estar criando uma armadilha para si mesmo. Exemplo: “Os Estados
Unidos começaram a criar centros para recolher as baterias de lítio
desutilizadas.”; “A briga pelo mercado petrolífero continua sendo o maior dos
problemas no continente Oriente Médio.”.
26 – Nas versões conflitantes,
divergentes ou não confirmadas, mencione quais as fontes responsáveis pelas
informações ou pelo menos os setores dos quais elas partem. Toda cautela é
pouca e o máximo cuidado nesse sentido evitará que o argumento se torne uma
mentira.
27 – Nunca deixe de ler até o fim
o rascunho que vá ser refeito, mesmo que você tenha poucos minutos disponíveis.
Ele poderá conter informações indispensáveis no fim e você corre o risco
cortá-las.
28 – Trate de forma impessoal o
personagem citado no texto, por mais popular que ele seja: a apresentadora Xuxa
ou Xuxa, apenas (e nunca a Xuxa), Pelé (e não o Pelé), Piquet (e não o Piquet)
etc.
29 - Um texto não deve admitir
generalizações que possam atingir toda uma classe ou categoria, raças, credos,
profissões, instituições etc. Muita ATENÇÃO a isso. Evite construções com:
todos, nenhum, ninguém, jamais, sempre etc.
30 – Em caso de dúvida, não
hesite em consultar dicionários, enciclopédias, almanaques e outros livros de referência.
Ou recorrer aos especialistas, aos colegas mais experientes ou professores. Bem
melhor perguntar antes de comprometer o texto.”
Extraído de: Apostila de Redação - UFJF
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